O voo até às minhas férias na ilha paradisíaca de Djerba foi realizado em regime charter pela Tunisair, a companhia aérea nacional da Tunísia. Por charter, quero dizer que normalmente esta companhia não voa para o Porto, tendo sido um serviço contratado temporariamente pela agência de viagens, e sem querer destruir o mistério do desfecho desta revisão, digo também que não se perde muito.
O trajecto decorreu sem sobressaltos, cumprindo os horários de partida e de chegada e com descolagens e aterragens suaves, apesar do vento que se fez sentir à chegada na ilha, demonstrando uma grande perícia por parte dos pilotos e da restante tripulação, que conseguiu acomodar os passageiros celeramente para que os horários fossem cumpridos.
A grande falha desta companhia aérea está na aeronave, um Boeing 737-600, claramente a mostrar sinais da sua idade avançada, nomeadamente na ferrugem da asa, nas condições dos assentos, dos tabuleiros e dos ecrãs de informação de percurso que mostravam um mapa rudimentar com cores que faziam lembrar um gameboy e texto que mal se conseguia ler. E não, não era por estar em árabe ou francês, porque até os números apareciam desfocados.
Mas sem dúvida, o verdadeiro pesadelo para mim, um gajo com uns meros 1,80 metros de altura, foi aguentar 3 horas de viagem sem espaço para as pernas, com os joelhos a bater no banco da frente e sem conseguir encontrar uma posição confortável para dormir. A situação piorava consideravelmente quando a pessoa sentada à frente decidia reclinar o banco para trás completamente sem noção de que eu ficava quase com espaço suficiente apenas para mexer os olhinhos. Not good.
Surpreendentemente, a refeição, frango com caril, batata e legumes, estava muito boa e sendo eu um grande adepto de caril, caiu que nem ginjas! Para sobremesa tivemos uns biscoitos, muito populares por aquelas bandas. Quando nem em terra os tunisinos se safam no quesito da gastronomia, esta foi uma agradável surpresa.
No geral, não posso dizer que tenha sido uma má experiência, só não posso dizer que tenha sido uma experiência confortável. Ficou ali a bater nas viagens que faço com a Ryanair, com a diferença de não ter que pagar para comer, levar bagagem de porão ou ter as assistentes de bordo a acordar-me para vender raspadinhas.