Se nas minhas aulas de Geologia me perguntassem se alguma vez iria escalar um vulcão ativo, muito provavelmente diria que não, contudo, a vida tem destas coisas e, praticamente no outro lado do globo, levantei-me da cama à 1h30 da manhã e pus-me a caminho, de lanterna em punho pelo meio da floresta, para escalar o monte Batur, um dos dois vulcões ativos na ilha de Bali, na Indonésia.
Uma vez que o vulcão se encontra localizado numa área tipicamente mais fria da ilha e o percurso se inicia de madrugada, é aconselhado um vestuário adequado e versátil, que nos permita mantermo-nos quentes na fase inicial da caminhada e ao mesmo tempo, refrescar quando o suor proveniente do esforço da escalada começar a surgir. Também recomendo umas sapatilhas de trekking para melhorar a aderência ao piso irregular.

Do nosso alojamento em Jimbaran, demorámos cerca de 2 horas a chegar ao ponto de partida na base do vulcão. Depois de bebermos um chá quentinho, começámos a nossa caminhada com os nossos guias, Cadê e Adi, por trechos de terra entre campos de cultivo, em completa escuridão, apenas iluminados pelas lanternas que nos forneceram e por um incrível céu estrelado, livre de poluição luminosa. Mais à frente, entrámos na floresta densa e encontrámos um templo digno de um jogo da Lara Croft, e é precisamente aqui que a dificuldade do percurso se começa a acentuar, o caminho torna-se íngreme e sinuoso. Ao longe, vemos as luzes das lanternas dos outros grupos a contornarem o cume e começámos a duvidar da nossa capacidade de resistência: como é que as nossas coxinhas de frango sedentário vão conseguir chegar lá acima?

De facto, não é um percurso que se deva subestimar. E quem não tiver minimamente preparado vai ter sérias dificuldades em atingir o cume a tempo de ver o nascer-do-sol. Enquanto subimos vamos percebendo a mudança de cor no horizonte, porém, a verdadeira recompensa só obtemos ao atingirmos o cume, ao sentarmo-nos, com a nossa aparência de porco fumado numa sauna sueca, e vê-mos aquele ponto brilhante e incandescente pintar o céu de um laranja surreal, com o monte Agung a piscar-nos o olho, escondido timidamente atrás de uma enorme montanha, sobre um lago que reflete todo este espetáculo.

Para recuperarmos energia, somos presenteados com o pequeno-almoço: ovos cozidos no vapor do vulcão e pão com pasta de banana. Como companhia temos os habitantes permanentes, os macacos, que atacam ferozmente qualquer pedaço de pão deixado ao abandono.

Quando o sol já brilha alto no céu e pensámos que o melhor terminou, o Cadê levou-nos a percorrer a cratera e aqui finalmente temos a verdadeira noção de onde nos encontrámos. À medida que vamos observando o vapor a sair de frestas nas rochas, percebemos que estamos a mais de 1700 metros acima do nível do mar, no topo de um vulcão ativo que pode entrar em erupção a qualquer momento! A sensação é um misto de receio e de entusiasmo.

No regresso, ao descer o cume em plena luz do dia, as paisagens deslumbrantes deixam transparecer os vestígios de atividade geológica, como os percursos da lava da última erupção do Batur, rochosa e inóspita, em comparação com a erupção do Agung, fluída e agora já transformada num solo rico e verdejante. Todos os detalhes foram apontados pelo Cadê, de uma forma altamente pormenorizada e de fácil entendimento.

O custo desta excursão, organizada pela Nilla da Go Adventure Bali, ficou por cerca de 630000 rupias indonésias (40 euros). Caso haja alguém que não aguente fazer a subida até ao cume, existe a opção de a fazer de mota, com custo adicional. Não esquecer também que é indispensável obter um seguro de viagem e que, aderindo através deste link, o ótimo seguro da IATI sem franquias, fica com 5% de desconto.

A excursão não estava nos nossos planos iniciais mas bastou a sugestão ao grupo para percebermos que não poderíamos perder o espetáculo de ver o nascer-do-sol no topo de um vulcão ativo, provavelmente numa experiência única na nossa vida. Na verdade, a excursão vale a pena não só pelo nascer-do-sol mas por toda a aventura que nos proporciona, desde a aula de geologia ao desafio que é a exigente escalada.
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